Todo mundo já teve um computador quebrado em casa. É o momento em que geralmente você chama um vizinho/técnico.
Existem grandes chances de você se deparar com esse discurso:
Cara, dei uma analisada por cima, mas corrompeu o *xxxxxxxxx* e nós precisaremos formatar o hd. É o preço padrão da visita, não se preocupe. Lidamos com isso todos os dias, é um procedimento comum. Só preciso que você salve seus arquivos em algum lugar!
Nota do autor: Substitua *xxxxxxx* por qualquer desculpa esfarrapada.
Você, provável leigo no assunto, não terá muitas opções e em pouco tempo, verá uma tela preta, com um texto branco nada amigável, avisando-o que os dados apagados não poderão ser recuperados. Após um leve mal estar, você supera a “depressão”, fica feliz pela performance do computador vazio, paga o serviço e volta a encher o disco rígido de tranqueiras.
Muitíssimo provavelmente seu computador não precisava ser formatado. Formatar é a solução mais fácil, em que você não precisa mexer no que está realmente causando o problema. Meia dúzia de comandos, algumas reinstalações e PRONTO! Tudo funcionando novamente.
Nos últimos meses conheci muitas pessoas em virtude da organização do intercâmbio. São pessoas que compartilham sonhos semelhantes. Divergentes em relação a um detalhe ou outro, mas, no geral, são parecidos. Uns ganharam a viagem de presente dos pais, outros ralaram de trabalhar. Enfim, isso não vem ao caso. A questão é que, independente do cenário que está por trás da viagem, você encontra algumas pessoas que tratam suas próprias vidas como seu técnico trata seu computador. Entretanto, felizmente, a vida é bem mais do que um monte de componentes eletrônicos juntos por um monte de circuitinhos minúsculos, feitos por algum chinês mal pago. E, eu garanto, a ficha logo cai.
Talvez os problemas de ordem prática sejam parcialmente solucionados ou deixados de lado, porém, eu garanto (de novo), isso não torna ninguém mais feliz. Pode trocar o cenário, a trilha sonora e o tamanho da TV, enquanto o protagonista não toma jeito, hora ou outra os bad blocks/problemas tornam a aparecer. Viajar com a intenção de fugir dos problemas não resolve vida de ninguém. Alias, me arrisco a ser ainda mais generalista… Soluções paliativas, meios de contorno e gambiarras adiam atitudes indispensáveis, que provavelmente doerão ainda mais no futuro.
Obviamente, a intenção aqui não é generalizar e muito menos julgar qualquer imigrante, intercambista ou viajante. De qualquer forma, acho que vale o alerta.
Não interessa quantos kilômetros você viaje nem quantas escalas você faça. O buraco é mais embaixo. Ora ou outra você encosta a cabeça no travesseiro e ai não tem remédio nem passagem aérea para ajudar. Como diria um grande amigo, é ai que o filho chora e a mãe não vê.
A única verdade absoluta nisso tudo é que, independente do destino, você leva você consigo. E isso nunca muda.
Malas prontas?
By Eduardo Amuri
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